Hoje não tem filme da semana, vou postar hoje um texto prometido, que venho revisando com carinho há algumas semanas:
A TORRE NEGRA
Sobre a série:
Stephen King, ainda um no0b na arte de escrever, fã incondicional de J.R.R. Tolkien (um nerd, como todos nós), com a tenra idade de 19 anos, conheceu um poema muito antigo, escrito por Robert Browning, chamado “Childe Roland à Torre Negra Chegou” (que, por sua vez era inspirado em Shakespeare e nas histórias Arthurianas). Resolveu escrever uma história, onde misturaria o poema, a narrativa épica de Tolkien (especialmente o Hobbit, como o próprio menciona no prefácio do 1º volume) e uma pitada de western, pois era fã dos filmes de Clint Eastwood e Sergio Leone. Nasceu dessa mistura a saga “A Torre Negra”, que começou a ser escrita em 1978, quando foi publicada em partes nas revistas de ficção literária, só terminando em 2007.
A Torre Negra é uma saga por si só mítica, mas, em adição ao resto do trabalho de King, milhares de conexões com outras tramas aparecem, pequenas ou grandes, vou tentar citar as principais nas descrições dos livros.
Volume 1
O Pistoleiro
O início da saga. Temos aqui a frase mais lembrada pelos fãs do Mestre: “O homem de preto fugia pelo deserto, e o pistoleiro ia atrás”, que abre o livro e dá a idéia central do 1º volume. O livro começa com o pistoleiro solitário Roland, perseguindo o Homem de preto pelo deserto. Roland é o último de uma linhagem gigantesca de pistoleiros, que foi massacrada pelo tal homem de preto e pelo exército por ele liderado.
O objetivo do pistoleiro é alcançar a Torre Negra. Uma lenda entre os pistoleiros dizia que a tal torre é o eixo principal de todos os mundos, o lugar onde todas as coisas devem convergir e se juntar. A torre tem vários níveis, onde cada andar representa um plano da existência. Reza a lenda que aquele que atingir o topo terá qualquer desejo atendido.
O mundo da torre negra lembra o nosso, nos bares, pianistas tocam “Hey Jude”, aviões nazistas derrubados pela terra, enfim, milhões de referências a um planeta Terra pós-apocalíptico, mas sem explicações abertas.
No meio do caminho, Roland encontra um garoto, Jake, abandonado perto de um galpão. Roland descobre que o menino não é desse mundo, clama ter morrido em seu planeta natal, e não sabe como veio parar ali.
O tal homem de preto é na verdade Randall Flagg. Esse personagem aparece em muitas obras de King, em “Olhos do Dragão”, em “A Dança da Morte”, e outras histórias.
Volume 2
A Escolha dos Três
No segundo volume da saga épica de King, o Pistoleiro está em maus lençóis, após o encontro com o Homem de Preto, Roland foi deixado sem forças em uma praia estranha, com seus revólveres inutilizados, ferido e quase sem forças para continuar, Roland caminha pelo litoral, onde acha portas mágicas que levarão o Pistoleiro a conhecer seus futuros companheiros de jornada (ka-tet). Ao adentrar cada porta, Roland passa a fazer parte da mente (e também manifestando-se fisicamente) de cada um desses companheiros. Cada um deles vem de Nova York, em tempos diferentes, e devem escolher se ajudam ou não o pistoleiro em sua jornada.
O primeiro deles é Eddie Dean, “O Prisioneiro”, um homem traficando heroína, o primeiro contato entre eles é dentro de um avião, onde Eddie serve de “mula” para traficantes.
A segunda é Odetta Holmes, “A Dama das Sombras”, uma ativista negra que sofre de esquizofrenia, tem duas personalidades, a segunda é Detta Walker, que gosta de perambular em bares e acabar com a reputação de Odetta.
E o terceiro é Jack Mort, “A Morte”, um homem com gosto por assassinato, que foi responsável pela morte de Jake, pelo surgimento da segunda personalidade de Odetta ao jogar um tijolo na cabeça dela e posteriormente, responsável pela perda das pernas dela, ao empurra-la na frente de um trem. Durante seu encontro com Jack Mort, Roland impede que o mesmo cause a morte de Jake, criando uma segunda linha do tempo, na sua cabeça e na do garoto, que deveria ter morrido e encontrado Roland após sua morte. Esse será um dos temas centrais do terceiro livro da série.
Volume 3
As Terras Devastadas
A História começa com o novo “Ka-Tet”* de Roland numa floresta, após a escolha dos três, onde Roland começa a treinar Eddie e Sussannah (a terceira personalidade de Odetta, que surgiu com a ajuda de Roland) para serem pistoleiros, e auxiliarem Roland na sua jornada. Durante o treinamento, encontram um urso gigante, que é na verdade um robô um dos 12 guardiões dos feixes de luz., cada um desses guardiões é representado por um grande animal (conexão com a mitologia de "A Coisa", muito sutil).
Roland acredita que o mundo-médio é cercado por 6 grandes feixes de luz que atravessam o mundo, com 12 extremidades, e a Torre Negra ficaria exatamente na intersecção desses feixes. E o trabalho de Roland é impedir que o Rei Rubro (a entidade do mal, que derrubou Gilead, a terra natal dos pistoleiros) destrua esses feixes e, por fim, a Torre Negra.
Paralelamente, o livro conta a história de Jake Chambers, o garoto que Roland encontrou no 1º volume, que se separou do Pistoleiro no final do mesmo volume, e que foi salvo por Roland da morte, que agora ficou obcedado por portas, e sonha com uma rosa. Em Nova York, Jake foge de casa levando a pistola de seu pai e encontra a passagem entre-mundos com a ajuda de Calvin Tower, o dono de uma loja de livros usados, onde se reencontra com o Pistoleiro, numa das melhores "cenas" da literatura de King.
Seguindo o feixe de luz, o ka-tet chega à cidade de Lud, onde encontram o animal “Oi” (uma espécie fictícia, é um cachorro que fala algumas palavras, basicamente), que segue o ka-tet. Para darem prosseguimento à jornada, devem pegar um trem, que atravessa as terras devastadas (mais uma referência ao fim do nosso mundo, uma guerra nuclear que acabou com a cidade de Lud) até a próxima cidade, Topeka (que existe na vida real).
Ao encontrarem a estação, o monotrilho é alimentado por uma rede de supercomputadores que controla a cidade. Blaine (o monotrilho) e tem consciência própria, e só concorda em fazer a viagem se os ocupantes participarem de um jogo de adivinhas meio sádico.
* Ka-tet significa “irmãos de destino”. Na mitologia dos livros, um termo muito usado é o Ka, que quer dizer “destino”, menciona-se que o ka é uma roda, e que o eixo central dela é a Torre negra.
Volume 4
Mago e Vidro
Ao chegarem na cidade de Topeka, a cidade foi devastada no passado por uma praga, a supergripe (mais uma conexão, dessa vez com o livro “A Dança da Morte, onde o mundo inteiro é devastado pela supergripe, com a presença de Randall Flagg). Na cidade, o grupo acampa perto de uma Lúmina, uma entidade sobrenatural que habita um abismo e que produz um som característico, que atrai as mentes mais fracas para o abismo.
Roland, ao se deparar com a Lúmina, decide contar aos seus companheiros sobre seu passado. Roland e seu antigo ka-tet (que se relaciona muito com o atual) eram encarregados pelo reino de Gilead de inspecionar o Baronato de Mejis, onde Roland, o pistoleiro mais jovem já formado, se apaixona por Susan Delgado. Essa história é um western clássico, com forasteiros, xerifes e tudo mais. Todo o passado do Pistoleiro é esclarecido, como iniciaram as grandes guerras, a relação com seu pai, sua iniciação, e o início da busca pela Torre, e o motivo da jornada do Pistoleiro.
A história foi recentemente adaptada para HQ, pela Marvel, que lançará mais tarde uma nova adaptação, baseada em “A Dança da Morte”(que alguns membros do arena estão tendo a honra de traduzir uma versão scaneada, enquanto a Marvel não lança a versão nacional).
Depois do grande flashback (que ocupa quase todo o livro), o grupo segue para o palácio verde, que parece ter sido tirado do conto do Mágico de Oz (aliés, muitas referências ao Mago de Oz aparecem nessa passagem). Lá dentro, encontram Marten Broadlock, mais uma das mil faces de Randall Flagg e o antigo amante da mãe de Roland e seu antigo nêmesis. Ao sair do palácio, carregando o Treze Negro (explicações a seguir), seguem de novo pela estrada do Feixe (que ironicamente é feita de tijolos amarelos).
Volume 5
Os Lobos de Calla
Após saírem de Topeka, o grupo passa por uma vila chamada Calla Bryn Sturgis, onde encontram o padre Callahan (personagem de “A hora do vampiro”, é um padre que escapa da cidade e vaga sem rumo, que encontra uma passagem entre os mundos, e foi parar em Calla), que pede ajuda aos Pistoleiros, para que defendam a cidade dos Lobos, um grupo mascarado que ataca a cidade a cada geração, roubando metade das crianças da vila e devolvendo-as incapacitadas.
Paralelamente, na Nova York de 1977, uma corporação pretende atingir um terreno baldio, onde cresce uma rosa, que é a representação da Torre no mundo-chave (a Terra). Após roubarem o Treze Negro do palácio Verde no 4º volume, (uma lenda diz que 12 esferas coloridas representam o poder da Torre, a 13ª é a corrupção, serve de olho para o Rei Rubro e portal entre os mundos), os pistoleiros usam o poder da esfera para transitarem entre os mundos e defenderem o terreno baldio. A história principal foi claramente inspirada no épico japonês “Os Sete Samurais”, de Akira Kurosawa, como o próprio autor disse.
Após a batalha, os Pistoleiros dão pela falta de Sussanah e do Treze Negro. Seguindo a trilha, descobrem que ela foi transportada para a Nova York de 1999, e agora Roland, Oi, Jake, Eddie e o Padre Callahan decidem resgata-la e encontrar um homem, Calvin Tower, um colecionador de livros que tem uma versão do livro “A Hora do Vampiro”, uma prova de que o padre, e provavelmente todos os personagens do livro são criação da mente de um tal de Stephen King. Calvin Tower (o homem que ajudou Jake) é o dono da versão, assim, os pistoleiros devem se dividir para encontrarem Calvin e Resgatar Sussanah.
Volume 6
A Canção de Sussanah
Eddie e Roland vão para o Maine, para procurar esse tal de Stephen King, que parece ter algum poder estranho, antes disso, encontram Calvin Tower e Aaron Deepneau (outra conexão, com ‘Insônia’, Aaron é parente do personagem principal), que discutem o futuro do terreno baldio e da Rosa. Enquanto isso, Jake, Oi e Callahan vão para Nova York procurar Sussanah, e descobrem que ela foi possuída por Mia e agora tem pernas. Mia pretende usar o corpo de Sussanah para poder dar a luz ao filho do próprio Rei Rubro, que tem a missão de matar Roland a qualquer custo.
Volume 7
A Torre Negra
O final da saga, após Sussanah ser levada para o Dixie Pig (que é uma passagem entre mundos), e Roland e Eddie terem salvado Stephen King de um atropelamento (o atropelamento aconteceu de verdade), ele pode continuar a escrever a história. Ao se reencontrarem, o grupo segue cada vez mais perto da Torre. O ka-tet descobre onde era a cidade para onde levavam as crianças de Calla, uma cidade de “Sapadores”, pessoas com habilidades mentais que usam suas forças psíquicas para derrubarem os feixes de luz.
Não posso contar mais sobre a história sem estragar surpresas (acredite, são MUITAS).
Perto do final, após o confronto derradeiro do Pistoleiro com o Rei Rubro, Roland adentra a Torre, nesse ponto, Stephen King encerra o livro e diz “Imagine o que você quiser da Torre. O final é seu, caro leitor, feche este livro e tenha um final só seu, único”. É claro que ele não podia nos deixar na mão, ele faz um epílogo com o que aconteceu com Roland na Torre e com os outros personagens, que é um dos finais mais surpreendentes e ambíguos que eu acho que um ser humano tem a capacidade de compreender.
Tentei dar um gostinho de cada livro aqui, sem a menor intenção de spoilers, é uma série realmente grande. Tentei dar a linha básica, deixei as surpresas pra quem tiver balls e ler (a série completa totaliza umas 3.500 páginas, que passam voando). Cada livro tem suas sub-tramas e cada personagem adquire nessa série uma profundidade narrativa incrível, que só o mestre do horror poderia nos proporcionar. Peço desculpas se o post ficou maçante, muito grande ou qualquer coisa parecida, é que eu me empolgo escrevendo, sabe.
como assim "não tem filme da semana"? você acha que isso é justo? hahahahaha
ResponderExcluirvai ter parte 3?
Acho que vai, com os livros de contos e do Bachman
ResponderExcluirsisim, livros de contos, e uma parte 4 com o Richard Bachman, só esperando chegar a vontade
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