segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Watchmen

Depois de ler o último post, fiquei empolgado. Vou falar hoje da maior das graphic novels já escritas, a obra-prima suprema de Alan Moore, que virou filme pouco tempo atrás, Watchmen.



A idéia de Watchmen surgiu de uma pergunta bem simples, feita, talvez, pelo autor quando lia as revistas do Superman e suas paródias nas revistas MAD, como seria o mundo se existissem super-heróis de verdade? Como a raça humana se comportaria perante aos heróis? Quais seriam as consequências disso?
Moore destruiu a idéia clássica dos quadrinhos, onde deuses poderiam andar por entre os humanos e em nada afetar a vida humana radicalmente, e essa é a premissa da obra, a simples existência de uma criatura tão poderosa afetaria radicalmente a vida humana, seja no viés político, filosófico, toda a vida humana seria muito diferente se existisse um super-homem entre nós.



A história começa nos anos 80, um mundo onde uma lei proíbe o vigilantismo, Nixon foi reeleito mais vezes do que o país aguentaria, a guerra fria tornou as pessoas paranóicas (grandes manchetes: GUERRA?). E dentro desse novo mundo apresentado, está o vigilante mascarado Rorschach, que investiga a morte de um homem que foi jogado do topo de seu prédio. A investigação leva a descobrir que o homem era o famoso Comediante, um vigilante atuante há mais de 50 anos, nascido na 1ª geração de heróis. Isso leva o anti-herói a tentar avisar os antigos heróis, temos um rechonchudo Coruja Noturna II e o aposentado Coruja Noturna I, o atual megaempresário Ozymandias, e o Semi-deus Dr. Manhattan, que atualmente mora com Espectral.
Em cada encontro, vemos como o roteiro é perfeito, Moore, ao contar a origem de cada herói, dá uma profundidade incrível a cada personagem, contando as ações de cada herói perante às responsabilidades para com a humanidade. Destaca-se uma cena onde os dois principais vigilantes (que trabalhavam para o governo, sim, o governo contratou os heróis) estão na guerra do vietnã, a presença do onipotente Dr. Manhatan e do militarismo do comediante fez os EUA ganharem a guerra.



Ao contar a história dos vigilantes em flashbacks, Moore dá a impressão exata de como cada ação passada, seja do 1º grupo de super-heróis, ou do 2º grupo, influencia tanto no presente e na situação atual de tensão nuclear constante. Temos aqui uma guerra fria intensificada, a fobia americana é imensa. O inglês explora cada aspecto da vida dos vigilantes, temos o contraditório Comediante em 1950 tentando estuprar uma colega, temos o Dr. Manhattan olhando a vida humana como uma equação física e seu afastamento emocional, o violento e traumatizado Rorschach.



Watchmen é uma obra conhecida por tornar a leitura de HQ's uma experiência mais adulta, ao rechear de temas pesados os seus roteiros, como política, física avançada, filosofia. A partir de Watchmen, as HQ's deixaram de ser uma "literatura infantil" para serem visadas para um público mais adulto.
A arte de Dave Gibbons torna a releitura mais prazerosa, após a 1ª releitura, o nível de detalhes é imenso, talvez por que Alan Moore procura ser extremamente detalhista com seus roteiros, descrevendo exatamente o que imagina para cada quadro, cada enquadramento deve ser perfeito. Outro detalhe interessante é o uso de simetrias (espelhamento), cada capítulo, artisticamente falando, é uma espelho do seu reverso (exemplo, o 1º volume e o 12º), os quadros estão na exata ordem, como se as páginas fossem postas num espelho.



Recomendação máxima que eu dou pra quem quer ler HQ's (e mesmo pra quem não quer...), a graça do negócio é ler e reler a obra e tentar entender cada linha da ótima história do inglês.

3 comentários:

  1. "Moore destruiu a idéia clássica dos quadrinhos, onde deuses poderiam andar por entre os humanos e em nada afetar a vida humana radicalmente"

    Discordo plenamente, Jhon virou um Deus, e afetou sim, a vida da humanidade...

    ótima HQ, não é a melhor, mas ótima

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  2. Acho que tudo o que poderíamos discutir sobre isso o fizemos há uns meses...

    ótimo post sobre uma ótima hQ

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