quinta-feira, 4 de junho de 2009

Filme da Semana



Johnny Vai à Guerra (1971)
Timonthy Bottoms (Joe), Donald Sutherland (personagem sem nome)

Escrito e dirigido pelo escritor multi-funcional Dalton Trumbo, e baseado no livro que o próprio escreveu (ele também faz a narração do filme), Johnny Vai à Guerra é uma das obras mais fortes, mais impressionantes sobre o horror da guerra aberta.


O diretor, na época, não optou por usar o preto-e-branco clássico ou a moderna filmagem em cores. Usou os dois, num jogo genial para contar a história do Soldado-sem-nome.



O filme começa mostrando a vida de Johnny, um jovem de classe média americana, que deixa a namorada e família, rumo à Grande Guerra, com ideais de lutar pela Democracia e pelo seu pais., assim, embarca no trem rumo ao campo de batalha. O filme é contado através de flashbacks, onde se descobre mais e mais sobre a infância do soldado, sobre sua vida antes de acabar numa cama de hospital. Os flashbacks citados ocorrem quando o protagonista se encontra em estado de coma, até então.


No meio do filme, Johnny acorda e prova o horror da Guerra: seus braços e pernas foram amputados, ele está surdo, não tem maxilar, seus olhos foram arrancados (nesse ponto, o que se sabe é o que o próprio fala, pois no filme, cobrem-no com uma máscara) pela bomba, enfim, ele não tem mais sentidos, mas está perfeitamente lúcido na cama de hospital, sem qualquer meio de comunicação com o mundo exterior. Aí entra o jogo de cores que antes mencionei: as cenas do hospital são mostradas em preto-e-branco, e os sonhos do protagonista, assim como suas ilusões são mostradas em cores, e existe uma terrível confusão do soldado entre memórias e delírios, para que só o expectador saiba o que é sonho e o que é a realidade, por que ele não tem como saber se está sonhando, ou se está acordado, não tem como contar o tempo, como conversar, nada, O Soldado sem Nome não tem nada além da própria vida.






Um dos aspectos que me chamou a atenção é a narração, é a voz de um homem jovem, o espectador vai simpatizando com ele, quando ele conta sobre sua namorada, seus pais, sua infância, amigos, a emoção que ele transmite é certamente um momento memorável do cinema.







Também achei muito sutil os sonhos que Johnny tem sobre um homem que conheceu na Guerra, um homem que conduzia o vagão que carregava os mortos pela guerra(o personagem de Donald Sutherland), que, em seus sonhos aparece sempre de barba e vestindo um roupão branco (lembraram de alguém?). Nos momentos de pensamento religioso do protagonista, é a imagem desse homem que aparece, fazendo assim uma metáfora genial para a idéia de religião feita muito sutilmente no decorrer do filme. Exatamente em uma cena, o próprio conduz o vagão, com o rosto ao vento e sacudindo um lençol branco (the awnser, my friend is blowing in the wind !?!?!?!?)

Resumindo: um filme carregado de emoção pura, o final faz jus ao conjunto da obra e ao horror das Grandes Guerras.

Recomendo: para quem já pensou nas pessoas que lutam as guerras

Não recomendo: apologistas da guerra (você ouviu bem, Dave Mustaine)

Curiosidades: o Metallica fez uma música baseada no livro/filme, “One”, do álbum “...And Justice for All”. O primeiro videoclipe deles é o desta música, e, por idéia do baterista Lars Ülrich e do Guitarrista /Vocalista James Hetfield, decidiram por comprar os direitos sobre o filme (e não do livro) para poderem usar trechos no clipe, que eu tenho o prazer de mostrar aqui (O clipe pode conter spoilers se você prestar atenção), foi lançado em Janeiro de 1989, a música inicia com tiros de guerra e helicópteros, para reforçar a idéia da guerra na música.




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