quinta-feira, 18 de junho de 2009

Filme da Semana


Filme da Semana: Nina (2004)
Guta Stresser (Nina), Myrian Muniz (Dona Eulália), Guilherme Weber (Arthur)

O Primeiro filme de Heitor Dahlia (O Cheiro do Ralo, e o ainda a lançar À Deriva), é, na minha opinião, a sua obra-prima. Inspirado pelo romance de Dostoiévski Crime e Castigo, que fala sobre como o homem é produto do meio, e as implicações disso no mundo moderno.




O filme conta a história de Nina (dã...), uma jovem paulista que aluga um quarto na cidade, que pertence à "Adorável" Dona Eulália (Myrian Muniz, titã do teatro brasileiro, fabulosa no papel), que tem problemas financeiros graves e começa a ser pressionada por Eulália para que pague o aluguel, personagem correspondente à velha usuária do livro de Dostoiéviski. No decorrer da história, Nina depara-se com as dificuldades da vida da cidade moderna, da dificuldade de arrumar meios de pagar a velha, que marcou todos os seus pertences na casa com seu nome (símbolo do poder do poderoso sobre o fraco, genial), privando Nina de todos os privilégios, como a comida da geladeira (a qual ela tranca com um cadeado quando Nina "rouba" um gole de leite), os sabonetes do banho, etc...



Nina não consegue dinheiro para pagar a velha e suplica para a mesma que dê um arrego a ela, esa responde "Não é problema meu!", e a faz limpar a casa em troca de algum dinheiro. Neste ponto do filme, Nina já está humilhada ao máximo,e mergulha nos fantasmas de seu próprio inconsciente (inclusive uma cena de um sonho tirada diretamente do livro), mas ainda se recusa a fazer "qualquer coisa" por dinheiro, mantendo sua dignidade.


O filme demonstra o poder do capital sobre qualquer coisa hoje, e a teoria da personagem, sobre pessoas ordinárias e extraordinárias é o que move a protagonista (do livro também), como se fosse uma desculpa para transgredir a linha da racionalidade comum, atribuindo às pessoas um valor, tudo meio preto-no-branco, e no final, não se sabe ao certo o que foi verdadeiro, o que foi um delírio da protagonista, e o espectador fica com a confusão de não saber, igual à mente da protagonista, e é dessa polarização que se sai o clímax do filme.


"Eu tenho uma teoria. Os indivíduos se dividem em duas categorias: os ordinários e os extraordinários. Os ordinários são pessoas corretas que vivem na obediência e gostam de ser obedientes. Já os extraordinários são as pessoas que criam alguma coisa nova, todos os que infringem a velha lei, os destruidores. Os primeiros, conservam o mundo como ele é. Os outros, movem o mundo para um objetivo, mesmo que para isso tenham que cometer um crime".
-Nina, no monólogo do início do filme.

Resumo: Filme muito psicológio. Melhor para quem já leu "Crime e Castigo"
Recomendo: Pessoas Extraordinárias
Não Recomendo: Pessoas Ordinárias

Curiosidades:
-Todos os desenhos que Nina faz são de Lourenço Mutarelli, ex-quadrinista, autor de "O Cheiro do Ralo" (que virou o próximo filme de Dahlia), "O Natimorto", entre outros.

-Todo o material usado nas construções foi adquirido de demolições, para ressaltar o estado psicológico dos personagens.

-O filme tem participações mínimas de grandes atores, como renata Sorrah (uma prostituta), Mateus Nachtergaile, Lázaro Ramos (pintores), Wagner Moura (um cego), Selton Melo (um drogado), Ailton Graça (médico), Sabrina Greve (Sofia), e Abrahão Farc (velho da bengala), entre outros.

-Ganhou o grande prêmio do juri, em Moscou

Um comentário:

  1. Bacana!!!
    Pesquisei sobre esse filme e achei seu post.
    Assisti há alguns anos!
    Realmente, uma obra-prima!
    Adoro esse tipo de filme! Gostei muito do desenho, das imagens!

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